#PromptsDeEscrita de @ProjetoPrompt
A Cidade Impossível
Laura e Beto surgem ao fim da rua. Eu quero ajudá-los, mas sei bem as regras… Desço e abro a porta dos passageiros. O uivo dos lobos — eu nunca os vi — o uivo aumenta e eu volto para o banco do motorista. Espero que cheguem à linha amarela pintada no chão ao lado da porta lateral da Kombi.
Beto é o primeiro a cruzar a linha amarela ao lado da porta lateral da Kombi. Exausto, ele espera que Laura também a cruze. Ele não volta para buscá-la. Ele também conhece bem as regras. Não trocam palavra.
Quando Laura cruza a linha amarela, cai para dentro da Kombi e demora talvez um minuto para se arrumar no banco. Beto faz menção de ajudá-la, mas ela o rejeita com um sinal de mãos. “Querem uma água? Uma balinha?”, tento ser engraçado. Eles não riem. Ou se olham.
“La”, Beto a chama de um lado do banco da Kombi. “Laura.” Ela está imóvel, os olhos marejados fixos através do vidro. Ela olha para o outro lado. Nunca para a cidade.
“Laura, coloca o cinto.” Com o maior esforço para não tocá-la, Beto busca o cinto de segurança e o estende sobre a cintura de Laura, que espera imóvel para, então, levantar os joelhos e abraçá-los.
Aceito que ninguém mais vai voltar essa noite. Todos conhecem as regras.
A Cidade do Amor Verdadeiro é mesmo uma cidade impossível.